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Por que a liderança feminina é tão importante

Estudos indicam ritmo lento para chegarmos à equidade. O que podemos fazer para acelerar o processo?

Ao longo da minha trajetória eu pude contar poucos, mas bons exemplos de lideranças femininas fortes que me serviram não só de inspiração como de apoio para o meu crescimento profissional. E, hoje, vejo como isso deixou um grande impacto em mim e fez a diferença quando penso na minha própria liderança. Mas e você, quantas líderes mulheres você já teve ao longo de sua carreira?

A representatividade não é somente um ativo importante para as organizações – com pesquisas apontando que empresas mais diversas são mais lucrativas e resilientes -, mas ela é essencial para outras profissionais se desenvolverem e, assim, “puxar” outras.

Recentemente, um levantamento da Yoctoo apontou que para 46% das mulheres entrevistadas que atuam em TI a principal dificuldade que elas enfrentavam em suas carreiras era a falta de representatividade, ou seja, poucas mulheres como exemplo ou inspiração. Como sabemos a área de tecnologia é ainda predominantemente masculina.

Mas ainda não serve de alívio o fato de que a representatividade feminina tenha melhorado aos poucos. Isso porque essa mudança tem acontecido em um ritmo lento. O quão lento? Nós, que estamos aqui hoje, não viveremos o suficiente para ver um mundo com equidade entre os gêneros se as coisas continuarem nesse passo.

Segundo o último estudo anual do Fórum Econômico Mundial (FEM), o Global Gender Gap Report 2021, vamos levar cerca de 136 anos para alcançar a equidade de gênero no mundo. De acordo com o mesmo relatório, o Brasil ocupa a 93ª posição no ranking entre os países mais igualitários do planeta, a segunda pior posição na América Latina.

Nas organizações a realidade não é muito diferente quando se pensa em posições de liderança. Entre as empresas que compõem o Fortune Global 500, apenas 4,8% dos cargos de CEOs são ocupados por mulheres, no caso 41 cadeiras em 2021. O número é drasticamente pior quando se olha para CEOs negras: apenas duas ocupam a alta liderança.

Mudar esse cenário impacta a todos, pois a representatividade também estimula uma rede de confiança. Um estudo do Women’s Forum realizado em parceria com o BCG e com foco em lideranças em tecnologia apontou que mulheres que ascendem em suas carreiras confiam mais em sua rede de apoio, sejam colegas, mentores, patrocinadores, enquanto homens são mais propensos a confiar em sua autoestima. Uma rede de pessoas que confiam uma nas outras é certamente algo que pode beneficiar carreiras, organizações, comunidades, cidades etc.

Posso dizer o quão importante é ter uma rede de apoio quando iniciamos novos ciclos na carreira. Há pouco mais de dois meses, iniciei um grande desafio quando assumi o cargo de Comissária de Negócios para a New Zealand Trade and Enterprise para o Brasil e Mercosur e líder de tecnologia para a América Latina. A NZTE é uma agência de promoção de negócios do Governo da Nova Zelândia. Representatividade e diversidade são grandes temas dentro dos planos da Nova Zelândia para as diferentes indústrias e com esforços renovados neste ano para o setor de tecnologia, com a campanha See Tomorrow First, uma iniciativa do governo que busca fazer do setor de tech o principal exportador do país, ao mesmo tempo que visa atrair talentos. A representatividade de gênero na América Latina ainda merece destaque, tendo em vista que a maior parte das lideranças nas operações da NZTE na região são assumidas por mulheres. É, certamente, inspirador se ver representada e acolhida.

Acelerar o ritmo da equidade de gênero nas organizações passa por criar estratégias de seleção, capacitação e promoção de mais mulheres. Em tempos onde a competição por talentos anda tão acirrada e novas gerações buscam trabalhar em lugares onde seus valores estejam alinhados, empresas mais diversas tendem a sair na frente.

Nos próximos artigos, tratarei mais sobre o tema da liderança feminina, buscando dialogar sempre com quem também busca o mesmo.

Por: Jacqueline Nakamura

Jacqueline Nakamura é uma experiente profissional de Diplomacia comercial internacional com mais de 15 anos trabalhando para diferentes governos estrangeiros na América Latina. Depois de seis anos atuando no Departamento de Comércio Internacional do Reino Unido, liderando tanto as exportações comerciais quanto investimento estrangeiro, Jacqueline assumiu o cargo de Comissária de Negócios para a New Zealand Trade and Enterprise para o Brasil e Mercosur. Com experiência na indústria de tecnologia, trabalhando para empresas multinacionais de tecnologia e associações setoriais de comércio, ela lidera o plano de tecnologia da Nova Zelândia na América Latina. Sua formação acadêmica inclui bacharelado em Relações Internacionais pela PUC-SP e mestrado em economia empresarial pela FGV-SP com Recomendação de Honra.

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