Notícias

Por que o ESG é considerado parte do DNA da Nova Zelândia

Referência em sustentabilidade, Nova Zelândia tem adotado uma série de compromissos ESG

Planos visam reparar mudanças climáticas e promover equidade, buscando impacto global. Respeito à cultura Maori, os povos nativos do país, promovem cuidados com a terra, com as pessoas e com o futuro. Você não precisa estar muito atento para se dar conta de que o mundo passa por desafios complexos de ordem geopolítica, econômica, social e eventos climáticos extremos que têm comprometido a vida de muitos, sejam eles vividos no Brasil, sejam eles vividos na Nova Zelândia.

No último mês de fevereiro, enquanto o Brasil assistia apreensivo às chuvas históricas devastarem o litoral norte de São Paulo, a Nova Zelândia via em sua Ilha Norte o rastro de destruição provocado pelo Ciclone Gabrielle. Um mês antes, Auckland, a maior cidade do país, contabilizava os danos de uma chuva também sem precedentes. Esses episódios – cada vez mais frequentes – continuam trazendo perdas irreparáveis.

Fato é que ninguém está seguro de condições climáticas extremas. Elas comprometem não só a moradia e seguranças das pessoas, como também pesam sobre nossa saúde mental. Elas cobram alto de governos e impactam, inevitavelmente, a produção de alimentos. Em um contexto onde sabemos que mais de 830 milhões de pessoas passam fome, como vamos lidar com esse saldo onde as terras para cultivo estão sendo devastadas pelas chuvas ou ondas de calor e secas?

Um maior escrutínio sob a sigla ESG tem sido uma das vias de resposta de governos e empresas para lidar com questões do meio ambiente, de governança e questões sociais. Recentemente, vimos flagrantes de trabalho análogo à escravidão se multiplicarem e até mesmo a transparência corporativa de grandes varejistas ser questionada. Os desafios são tantos quanto complexos.

Referência em sustentabilidade, a Nova Zelândia tem adotado uma série de compromissos em direção ao ESG. O país, que é mundialmente conhecido pelo seu turismo e indústria cinematográfica, concentra esforços e investimentos em tecnologia para criar soluções verdes e inclusivas. Outra importante abordagem para reparar as mudanças climáticas está em orçamentos, planos e metas atrelados ao tema.

Depois de ouvir a opinião pública, Auckland aprovou seu orçamento para os anos de 2022/2023 com foco no clima. A cidade se tornou a primeira a ter uma taxa de ação climática (cerca de 1 dólar neozelandês por semana), cobrada de proprietários de imóveis para ajudar no plantio de árvores, na construção de ciclovias e trilhas para caminhada e para a descarbonização do transporte público. Auckland tem como meta diminuir pela metade a emissão de carbono até 2030. Outras propostas do país estudam a possibilidade de neutralizar as emissões do gás metano do agronegócio, taxando suas emissões. O compromisso firmado é que a Nova Zelândia atinja o chamado net-zero até 2050. O país também está entre aqueles que se comprometeram com o fundo de perdas e danos criado durante a Conferência das Nações Unidas COP27. Na prática, nações ricas e que se industrializaram anteriormente buscam compensar os países em desenvolvimento pelos efeitos das mudanças climáticas.

Outra iniciativa dentro do escopo do ESG está em uma aliança criada por líderes de empresas na Nova Zelândia. Desde 2018, o Climate Leaders Coalition reúne CEOs para criar e implementar medidas em resposta às mudanças climáticas, exigindo dos signatários a adoção de metas de redução de emissões.

Um dos valores que sustentam a cultura Maori, os povos nativos da Nova Zelândia, é o Kaitiakitanga. Em resumo, significa o cuidado com o mundo natural e o cuidado com as pessoas. Esse zelo com a terra, com a ancestralidade e com as pessoas atravessa a Nova Zelândia e a coloca em direção à sustentabilidade. A preservação da cultura indígena, um movimento de resgate que também vemos acontecer no Brasil com a criação de um Ministério dos Povos Indígenas, é parte essencial em se pensar e agir em direção aos desafios complexos que estamos vivenciando.

Com desafios tão urgentes a serem resolvidos, é preciso que os compromissos e ações com o ESG sejam pensados de diferentes perspectivas e cobrados de todos os setores da economia. O ESG impacta diretamente a economia mundial, e cada vez mais deve entrar nas rotinas de nossas vidas.

Por: Beni Iachan – New Zealand Trade & Enterprise

Beni Iachan é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da NZTE (New Zealand Trade & Enterprise) para o Mercosul em São Paulo, onde atua como responsável pelas áreas de Recursos, Energia, Defesa e Segurança. Anteriormente trabalhou por mais de 13 anos no setor privado, como Gerente de Negócios Internacionais, atuando sobretudo em negociações B2B e B2G em mais de 50 países. Graduou-se em Relações Internacionais e possui MBA em Comércio Exterior pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima